Grasieli Farias
2 min readNov 4, 2021

Era muito importante saber por onde começar. Afinal, se a primeira impressão é a que fica, qual será sua impressão sobre minhas cartas de abstinência?

Seria correto eu chamar essa coisa estranha que não sei dar nome de abstinência? Afinal nossa relação não é algum tipo de droga que preciso dosar em pequenos encontros para não acabar em overdose.

É, agora ficou bem claro que abstinência não é a palavra correta. Passou pela minha mente que a corda foi cortada, tal qual o fio de cabelo daquela personagem de Hércules que é levada para o mundo da morte, desculpa não saber nomes precisos aqui para parecer mais culta.

Mas esse pensamento de cortar o fio, desfazer o nó, desatar o que era antes era um só me deu medo, tamanho era o sentimento que passei o dia chorando e chorava cada vez mais quando pensava em lhe escrever.

Queria lhe fazer um diário, mostrar que não houve um único dia que não lembrei de ti, a vontade de lhe ter por perto era tanta que, em um dos dias, colei as fotos que me entregara no meu aniversário junto das outras no álbum de fotografias.

Todos os dias me pergunto se já se passaram dias suficientes e se talvez esse seja o dia em que você decida que tudo já se resolveu e podemos voltar a nos falar.

Abrigo um medo dentro do meu peito que insiste em me dizer que a cada dia que não conversamos você deixa de me amar e percebe que na verdade a vida é melhor sem a minha interferência.

Nos dias mais sombrios é como se nunca mais fossemos partilhar momentos, então crio em mim um luto que me transborda.

Você sabe como sou, por mim já teria lhe enviado comidas gostosas pelo ifood, presentes feitos a mão e tudo aquilo que aquece o coração. Mas isso aqui não é sobre mim, eu sei que você odeia surpresas, quando lhe contei sobre a vez que apareci na casa daquele ex amor você quase caiu dura.

Por isso, sigo aqui, abrindo nossa conversa a cada segundo e pedindo por favor que o sentimento sombrio seja apenas um medo bobo de perder o amor da minha vida pra sempre.

Grasieli Farias

Escutadora, escrevedora e fazedora de coisas que ninguém quer saber.