Precisei te bloquear

Quero chorar, fui a cozinha e, enquanto o tempo do micro-ondas corria, tive vontade de me bater contra a parede, enquanto o pensamento imaginava cortes. Não demorou para aparecer a culpa. Tão previsível, clichê e um tanto ridícula.

É assim que todo mundo sofre? Como é possível continuar focada quando tudo o que eu quero é escrever sobre as músicas que a gente nunca iria concordar ou as referências cinematográficas que muito provavelmente você teria que me explicar.

Toda vez esse looping, toda vez eu sentindo que a vida pode ser boa e em seguida sendo destroçada pelas minhas próprias ações.

Era pra eu estar escrevendo sobre uma doença genética agora, mas eu só consigo pensar no quanto odeio sentir cada fio de cabelo que imagina que não há nada no mundo que possa ser melhor que a sua companhia.

Eu tenho até às 19h. A campanha ainda não existe. Já esse sentimento, que crio como parte de mim desde a fucking primeira vez que te ouvi falar sobre teorias marxistas, existe e é latente em cada parte do que sou.

A letra da música diz “as paixões são para si mesmas, não são para mais ninguém”, e eu devo concordar que nessa jornada do herói fracassada, eu perdi a mão logo no primeiro arco da nossa trama.