Há de pulsar

Sinto que não paro. Por que não desligo? — Me pergunto um pouco antes de começar esse texto, numa tentativa de engolir essa vontade de existir e se sentir viva.

Olhei alguns minutos pela janela do quarto, ainda em busca desse elixir, eu sei que ele não vem, mas ainda assim eu tento.

Já toca Emicida há um tempo, é como se cada frase fizesse ainda mais sentido e a vontade de existir só crescesse dentro de mim.

Escrevo de maneira desordenada, você consegue compreender o que eu digo? Consegue enxergar o vazio?

Quando era adolescente escrevia sobre o vazio sem entender exatamente sobre o que estava falando, mas agora escrevendo sobre esse mesmo vazio que se apossa de cada vértebra ou célula do meu corpo eu continuo sem entender.

- O QUE VOCÊ QUER?

- O que eu quero?

Eu não sei se sou a pergunta, se sou a resposta ou se invento dentro da minha mente questões que não deveriam existir.

O buraco ainda não se desfez.

As palavras não parecem ser suficientes, preciso aprender a alimentar melhor a solidão.

Antes que eu seja engolida pela minha própria fome.