Grasieli Farias
1 min readNov 22, 2020

Mas aí você me pediu para que te escrevesse. Mas pra te falar a verdade, o que posso fazer agora é descrever, soletrar seu corpo, discorrer sob palavras as imperfeições mais perfeitas que o cosmos pôs sobre a terra.

Começaria então descrevendo como são seus olhos, e meu olhar perdido nesse oceano ocular, mais abaixo seu nariz pintado, que minha boca enche de beijos e, de vez em quando, rouba uma mordida de leve.

Lá vem sua b-o-c-a, sim, soletrada para que entenda que é ai que me perco, que eu deliro e que o mundo gira devagar. Dentro dos teus beijos fica tua língua, junto com a minha, ou melhor ainda, quando ela tem a oportunidade de desbravar meu corpo.

Nessa hora já estou no céu, no paraíso e para onde mais você estiver a fim de me levar… Seu queixo, pescoço tão branco, um quadro branco, onde com o que eu posso pinto de vermelho arranhões e mordidas, que por sua vez mudam de cor.

Seus braços não me permitem escapar, mas nem que me deixassem eu fugiria. Abdômen, hã certo… Pernas, aquelas mesmas as quais as minhas estão sempre entrelaçadas, enroladas e qualquer outro sinônimo cafajeste para esse modo vulgar de me fixar a você.

Olha só, meu amor, você me pediu que eu te escrevesse uma carta de amor, mas acho que redigi um filme pornô, o nosso.

Grasieli Farias

Escutadora, escrevedora e fazedora de coisas que ninguém quer saber.